segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Entrevista com a Infernal War 666

Entrevista com a Infernal War 666

A INFERNAL WAR 666 de Lages, foi formada em 2003 e ao longo desses anos tornou-se um grande nome do Black Metal Catarinense, tocando nos principais eventos do estado. Com membros que já passaram por outras grandes bandas, a INFERNAL WAR 666 está quase lançando seu primeiro álbum. O Metal Legion – SC realizou uma entrevista com a banda, na qual a mesma contou notícias, curiosidades e assuntos diversos. Confira!

Metal Legion: Obrigado por ceder um tempo para esta entrevista. A banda já está com as músicas gravadas, certo? Por quê o álbum ainda não saiu?

I.W.666: Inicialmente queremos agradecer pelo espaço que está sendo propiciado a INFERNAL WAR 666 no Metal Legion, isso contribui não só para manter a cena underground informada sobre nossas atividades mas também para divulgar e discutir idéias com as quais nos identificamos. Quanto ao lançamento do debut-CD da banda o que temos a comunicar é que deverá acontecer no próximo ano (2008), ao menos foi o que nos comunicou a Rapture Records. Os motivos que levam a uma certa demora do lançamento dizem respeito ao fato de haverem outras bandas que terão seus álbuns lançados e com as quais o selo acabou se comprometendo ao longo do processo de produção do nosso material, contudo, como já declarei anteriormente, isso tudo deverá estar resolvido até meados do próximo ano e o primeiro CD da IW666 estará disponível a todos aqueles que apreciem o True Black Metal.


Metal Legion: Qual vai ser o nome do álbum? A arte gráfica já está feita? Quem ficou encarregado da mesma?

I.W.666: Escolher o nome de um álbum é uma tarefa complexa, aliás, muito mais do que se imagina, já que o título deve ao mesmo tempo possuir um significado que se coadune ao contexto das músicas contidas no trabalho e, por outro lado, que possua uma linguagem que cause uma impressão positiva em meio ao público underground, não bastasse isso, ainda existe a necessidade de ser um título que esteja relacionado ao próprio direcionamento musical da banda. Esses pressupostos todos estiveram presentes quando iniciamos a discussão para definir o título de nosso primeiro CD, inicialmente pensamos em chamá-lo de “We are the True evil”, mas como o período de maturação do material, tanto gráfico quanto de áudio foi relativamente longo acabamos pensando melhor e definimos “Behind the black throne” como o título mais adequado aos nossos propósitos. A parte gráfica foi desenvolvida através de uma parceria firmada entre nosso guitarrista Pazuzu e a Nuclear Black Vengeance & Gasmaked Demons Graphics.


Metal Legion: Por quê do nome Infernal War 666? Este nome demonstra a ideologia seguida pela banda?

I.W.666: Antes de mais nada cabe ressaltar que a IW666 é uma banda de Black Metal e por se identificar com esse estilo e sua forma de pensamento, temos no Satanismo e em todo o seu arcabouço filosófico a inspiração e a ideologia que conforma o nosso modo de pensar o universo, a música e as letras que compomos. Essa ressalva é necessária para dirimir alguns equívocos em relação a nossa orientação musical que algumas vezes é confundida com War Metal ou NS Black Metal. No nome da horda já está explicitado a nossa proposta uma vez que declara a “Guerra Infernal” contra o pensamento dominante e vulgarizado na sociedade contemporânea amparado, diga-se de passagem, em uma base puramente cristã com todo seu conjunto dogmático que objetiva fundamentalmente fazer crer que as coisas são como são por vontade divina e que os seres humanos devem aceitar essa “decisão superior” e manter-se fiéis a seus princípios uma vez que o que importa de fato não é a vida que se leva nesse plano mas uma suposta existência superior em outro mundo. Tamanho disparate não apenas cega as pessoas como lhes tira a capacidade de mudar a realidade presente, já que a ordem mundana está definida a priori. Para amenizar essa postura estúpida do discurso cristão a Igreja, enquanto fonte desse pensamento introduziu a idéia de livre arbítrio que traz a ilusão de que cada um é responsável por sua própria salvação de acordo com seus atos nesse mundo, desse modo, ao mesmo tempo que “Deus” define as tarefas de cada ser humano lhe dá a possibilidade de salvar-se ou não, mas como isso seria possível se a vida de cada um de nós (feito fantoches de Deus) já está escrita? É contra esse discurso que idiotiza as pessoas que levantamos nossa voz e dizemos que não há paraíso, não há salvação, não se pode esperar nada melhor ou pior do que aquilo que vemos aqui todos os dias. As trevas onde a igreja lançou a figura de Satã, não como entidade material, mas como uma metáfora de opositor do Deus é onde realmente se encontra a luz que nos livra do pensamento dominante. Assim declaramos Guerra por ser um embate de idéias fomentado através das letras de nossas músicas; Essa “guerra” torna-se um embate Infernal por ser no satanismo de onde extraímos nossa linha ideológica. E por acreditarmos que o anticristo, representado pelo numero 666, significa a remissão do pensamento humano adotamos esse símbolo lingüístico para fechar a sentença que encerra o significado do nome da banda.


Metal Legion: Conte-nos um pouco sobre o processo de gravação e produção.

I.W.666: O material foi gravado durante um período relativamente longo, algo até atípico entre as bandas de metal extremo, já que ocupamos cerca de quatro meses entre fins de 2005 e inicio de 2006. Utilizamos na gravação o Estúdio X em Lages, o que em grande medida nos possibilitou esse período longo de gravações por ser em nossa cidade e por sermos amigos do pessoal do estúdio que teve uma paciência gigantesca conosco. As músicas gravadas em sua maioria foram compostas em 2005, logo depois da entrada de Baalbeherit e de Lord Black Wizard, contudo duas ou três eram de um período anterior. Utilizamos um sistema digital Pro-tools para fazer a gravação e a mixagem além de nossos equipamentos pessoais como amps, pedais, bateria, etc, o que de certa forma contribuiu para não alterar muito as características sonoras que se ouve ao vivo quando a banda faz shows. Terminadas as gravações iniciamos a mixagem que, por ser um trabalho complexo, levou algumas semanas para ser concluída, depois o material foi enviado ao Estúdio 1000 em Porto Alegre/RS onde foi novamente mixado e masterizado pelo Fábio Lentino da banda The Ordher. Durante esse período um sem número de idéias para a parte gráfica foram sendo desenvolvidas por Pazuzu, contudo, somente ficamos realmente satisfeitos com esse material quando nosso guitarrista se aliou ao Carlos (Gasmaked Demons Graphics) e conseguiram sintetizar as idéias em um trabalho gráfico de alto nível. Terminado esse processo o material foi enviado ao Ivan (Rapture Records) que de acordo com um contrato firmado entre a banda e o selo fará a prensagem dos CDs, a impressão da parte gráfica, a distribuição e a divulgação do trabalho.

Metal Legion: Sobre o processo de composição, vocês têm algum integrante específico para isso ou todos compõem? Qual a temática das letras?

I.W.666: Bem, as letras são compostas por nosso vocalista Armaggedda que tem uma grande facilidade em criá-las, isso se deve, penso eu, a sua imaginação insana que parece viver permanentemente em contato com as hostes infernais do submundo do espírito humano. A parte musical, por outro lado, já é um trabalho realizado coletivamente uma vez que procuramos aproveitar todas as idéias individuais em benefício de algo maior que é a sonoridade da IW666. A nossa forma de criação não segue um padrão rígido, embora vez ou outra, alguém já apresente uma música praticamente acabada, na maioria das vezes o que fazemos é reunir uma série de riffs organizando-os de tal forma que criem uma massa sonora que seja agradável aos nossos sentidos.


Metal Legion: Conte-nos um pouco sobre a história da banda.

I.W.666: Em 2003 Pazuzu e Armaggedda, depois de terem problemas com uma antiga banda da qual faziam parte, resolvem unir-se para formar uma horda que representasse o que há de mais obscuro e satânico dentro do True Black Metal. Reuniram-se então a outras pessoas e começaram a compor algumas músicas. Passado algum tempo, surgiram inúmeras dificuldades que iam desde a ausência de equipamentos para ensaiar até o desinteresse de alguns dos membros da banda em coadunar-se aos ideais aspirados pelos dois fundadores do intento nefasto já denominado Infernal War. Embora houvesse entraves na trajetória que percorriam, em momento algum Pazuzu e Armaggedda fraquejaram, fortalecendo com essa postura o núcleo ao redor do qual orbitaram muitas formações nos dois primeiros anos de existência da banda. Em 2004 a banda gravou seu primeiro registro sonoro, o Cd-Demo “Under Wings Demons of Hell”, esse petardo teve uma resposta positiva entre os apreciadores da corrente mais extrema do metal underground em todo país, inclusive com alguns exemplares sendo enviados para o exterior. À medida que a horda ia ganhando alguma representatividade dentro da cena extrema, novos membros foram sendo incorporados, desde que estivessem dispostos a enfrentar os desafios que estavam pela frente. Nesse ínterim, fui convidado a participar da banda e logo depois juntaram-se a nós Lord Wizard e Baalberith assumindo bateria e baixo respectivamente. Essa formação permanece unidas desde 2005 e, ao que tudo indica, o círculo infernal fechou-se dando origem a Infernal War 666.


Metal Legion: O baterista E. Lord Wizard toca também na Drakonian Age. Apenas ele possui algum projeto paralelo à Infernal War 666? Isso atrapalha em algum aspecto a banda?

I.W.666: Atualmente eu não sei exatamente como está a relação de Lord Wizard com a Drakonian Age, uma vez que ele raramente toca no assunto e, por tanto, eu não saberia dizer se ele ainda faz parte ou não daquela horda. Pazuzu andou envolvido com algumas bandas recentemente, mas, pelo que me consta, não está mais vinculado a nenhuma delas. Armaggedda está articulando a participação em um projeto junto com outros músicos aqui da cidade mas também não tenho maiores informações sobre isso. Eu e Baalbeherit participamos unicamente da INFERNAL WAR 666. Quanto a atrapalhar o andamento da banda eu penso que não, ao menos até hoje não percebemos nada que pudesse nos trazer algum prejuízo.

Metal Legion: Muitas bandas surgem a todo o momento. O que vocês acham da atual cena Black Metal no Sul do país e em SC? E da cena do Metal em geral?

I.W.666: Sim, você tem razão, surgem muitas bandas a todo momento e acredito que isso seja de extrema importância para a constante renovação e mesmo evolução do metal extremo em nosso país. Tenho observado que um grande número de bandas não conseguem ir muito longe por uma série de motivos, entre eles, o mais importante, na minha opinião, é a falta de motivação interna já que nem sempre os membros tem o mesmo ímpeto para enfrentar o grande número de dificuldades que se encontra na cena underground brasileira. As bandas que conseguem se manter ativas por três, quatro, ou mais anos já são vencedoras e merecem todo respeito. Um outro fator que contribui em grande medida para a liquidação de muitas hordas é o desrespeito que algumas pessoas têm pelo esforço que desenvolvem para enriquecer a cena underground. Nós mesmos já enfrentamos esse tipo de preconceito quando alguns sujeitos faziam campanhas de difamação contra nosso nome, como se isso fosse trazer algum benefício para o underground extremo. Algumas bandas e pessoas parecem estar acometidas de uma síndrome megalômana que as faz crer que é possível monopolizar o pensamento e a produção musical no underground e por pensarem assim, tudo e todos que não se alinham com esse pensamento acabam se tornando alvo da sua virulência e de seus desaforos. Em todos os estados brasileiros existem bandas que superam todas as dificuldades mantendo a chama do metal acesa, por outro lado, pessoas medíocres que pouco ou nada tem a acrescentar ao metal extremo ficam criticando essas iniciativas vitoriosas e semeando a discórdia na cena extrema de nosso país.


Metal Legion: Por quais bandas vocês são influenciados?

I.W.666: É difícil responder já que todos nós gostamos de coisas bastante diferentes, que vão desde bandas dos anos 70 e 80 até coisas mais recentes. Eu, por possuir mais idade que os outros membros da IW666 (tenho 40 anos), assisti, pode-se dizer, o surgimento do Death, Doom e Black metal, já que esses estilos se desenvolveram a partir dos últimos anos da década de 80 vindo a se firmarem na década de 90, contudo, quando comecei a ouvir música, digamos, não comercial, o que se tinha para ouvir era Heavy Metal que na época (por volta de 1982) era um estilo relativamente novo. As velhas bandas da década anterior ainda estavam ativas, mas para nós que começávamos a ouvir metal o importante era o que na época era novidade. Na primeira metade dos anos 80 bandas como Mercyfull Fate, Exciter, Venom, Slayer, Trouble, Metalica, Candlemass, Sabbat, Anvil, VoiVod começavam a se tornar conhecidas, as “old Heavy bands” como Black Sabath e Judas Priest ainda tinham a hegemonia dos corações e mentes dos bangers mais isso era só o prenúncio do que estava por vir. Na segunda metade dessa gloriosa década e nos primeiros anos da década seguinte surgiriam Mayhem, Darkthrone, Dimmu Borgir, Rotting Christ, Impaled Nazarene e centenas de outras bandas que representavam a “Revolução do Heavy Metal” inaugurando novos estilos como os que eu já citei. Em meio a esse contexto cada um de nós foi criando suas influências que hoje se refletem em nossa produção musical e seria até injusto citar essa ou aquela banda como influência já que o mosaico que se formou em nosso espírito por conta de heterogeneidade de bandas que nos influenciaram é extenso demais para resumir-se em citações.


Metal Legion: Vocês já tocaram aqui em Criciúma, no Steel Festival no ano de 2005, qual foi a experiência? O que vocês acham dos festivais, a exemplo do Steel, que ocorrem aqui no estado? O quê tem que melhorar? Estão bons?

I.W.666: Devo dizer que o Steel Festival, ao menos em minha opinião, é algo que foge a regra tanto pela estrutura (local, palco, equipamento, público, etc) como pelo cast organizado para apresentar-se no evento. É relativamente raro que bandas de metal extremo sejam valorizadas com pelo menos uma boa estrutura de palco como a que encontramos no Steel Festival, a regra, em geral, é equipamentos de péssima qualidade, som ruim, iluminação praticamente inexistente, palcos minúsculos e improvisados, etc. Isso não só prejudica o desempenho das bandas como causa uma péssima impressão no público. Admiro e respeito às pessoas que organizam shows uma vez que as bandas dependem desse tipo de evento para apresentarem seus trabalhos. Contudo, já que as bandas geralmente não recebem cachê por suas apresentações, o mínimo que os organizadores deveriam propiciar é condições materiais melhores para as bandas. Temos notado, por outro lado, que alguns festivais estão investindo nesse tipo de estrutura, como por exemplo, o Brusque In Flames que em sua terceira edição ofereceu uma estrutura surpreendente.


Metal Legion: Muito obrigado pela entrevista, deixo agora um espaço para a banda deixar um recado para os visitantes do Metal Legion – SC, Abraço! E até a próxima.

I.W.666: Agradecemos mais uma vez o espaço e desejamos vida longa a esse trabalho que vocês realizam e que contribui decisivamente para o crescimento da cena underground extrema de Santa Catarina e do Brasil....


Entrevista feita por: Henrique Hoffmann Maurílio
Revisão: Carla Acordi

Um comentário:

Sir Sombrio disse...

Parabens pela intrevista cara!
Continue assim que vc dominará a blogosfera brasileira do metal!!!